Um tempo atrás eu li um texto que relatava a história de Paula. Ela era superintendente de um banco, estava sempre em desenvolvimento na sua carreira. Dentro da sua rotina de trabalho, sob sua responsabilidade existiam 267 empresas e ela gerenciava 400 funcionários, sendo esses 72 gerentes diretos. Bem, você já viu no título que o texto é sobre Burnout e, contando uma realidade como essa, já deve ter imaginado onde eu quero chegar.
É nítido que Paula adoeceu, com a demanda que ela tinha foi difícil de escapar. Em uma semana de trabalho Paula relata que recebeu um relatório às 22h e quando chegou de 8h na empresa foi cobrada pela leitura deste relatório. Dois médicos psiquiatras diferentes a diagnosticaram com Burnout. Desde do diagnóstico Paula não recebeu um único telefonema da empresa, um suporte sequer.
Enquanto lia a história dela, a frase que mais me chamou a atenção foi: “Eu não nasci assim. O banco me adoeceu”.
Nos tempos de hoje, pensando na própria organização do trabalho pelas organizações afora, vem sendo mais comuns os casos de adoecimento devido ao trabalho. Apesar de muitas vezes as empresas tentarem contornar o problema com a dinâmica de treinar seus colaboradores com temas de gestão de tempo ou organização pessoal, é necessário dar um passo além: existe a necessidade de repensar o ambiente de trabalho, os processos, relações e demandas. O adoecimento em relação ao trabalho, na grande maioria das vezes, não é responsabilidade do trabalhador, mas sim consequências do próprio trabalho.
Para entender a dinâmica relacional entre o Burnout ou outros tipos de adoecimento com o trabalho, é preciso que saibamos interpretar quais são os riscos que ele pode ocasionar. Nesse sentido, podemos entender os riscos associados ao trabalho como todas as condições, práticas, circunstâncias ou elementos presentes no ambiente de trabalho que têm o potencial de causar danos à saúde, segurança ou bem-estar dos trabalhadores.
É importante, também, entender que esses riscos vão se diferenciar entre fatores de risco e o risco psicossocial, sendo este o principal na influência do Burnout e adoecimento mental. O que são cada um desses?
Todas essas questões se organizam no ambiente de trabalho, mesmo que esse trabalho seja 100% feito de casa. Aliás, mesmo que uma pessoa colaboradora esteja trabalhando de casa, ainda assim existe um ambiente que influencia na sua mente e no seu corpo. Uma boa forma de conseguir mapear os riscos no ambiente de trabalho é fazendo um Mapa de Riscos.
O Mapa de Riscos vai dividir para nós possíveis riscos que podem existir em cada um dos ambientes do nosso trabalho. Os riscos são divididos em cores e também o tamanho do risco, sendo pequeno, médio ou grande. Apesar de nenhum deles parecer estar associado a questões mentais, todos eles podem gerar um impacto na mente de quem trabalha.
Quando pensamos em um risco ergonômico, por exemplo, muito comum em trabalhos presenciais, mas principalmente home office, imagina você passar o dia inteiro sentado, na frente do computador. As costas doem, o corpo começa a ficar desconfortável e isso vai gerando estresse. De toda forma, ainda assim um outro ponto é de extrema significância para entender as influências no Burnout: como o trabalho em si está organizado.
Quando falamos sobre organização do trabalho, estamos falando sobre como os processos estão dados no dia a dia, como as metas e objetivos são construídos, como tudo isso é acordado com a pessoa colaboradora e como tudo isso impacta essas pessoas.
Dentro dessa dinâmica, retomando os nossos riscos psicossociais, grandes responsáveis pelo adoecimento em relação ao trabalho, podemos dividi-los nas ordens de conteúdo do trabalho e de contexto de trabalho. Como eles se organizam?
Em nossas empresas, todos esses fatores existem, é impossível fugir disso. Porém, existe um campo de trabalho em cada um desses fatores que podem torná-los negativos na experiência de trabalho de alguém, ou até mesmo na nossa experiência. Dessa maneira, é necessário também, para além do mapa de riscos mostrado acima, fazer um mapa de entendimento de como cada um desses pontos se manifesta em nossa organização.
1) como os processos são desenhados,
2) como as metas são atribuídas as pessoas,
3) como é dada a comunicação e relações humanas
4) qual o nível de transparência da organização;
São fatores entendidos por nós da Moodar como fatores essenciais no desenho de um trabalho que entregue satisfação e sentido para quem o desempenha.
Em suma, a análise do impacto do ambiente de trabalho no surgimento do burnout revela a complexidade das interações entre fatores organizacionais e a saúde mental dos colaboradores. A compreensão aprofundada desses elementos é crucial para implementar estratégias eficazes de prevenção e promoção do bem-estar no local de trabalho.
Ao reconhecer a importância de um ambiente saudável, que valoriza a autonomia, promove a comunicação eficaz, e equilibra a carga de trabalho, as organizações podem desempenhar um papel fundamental na prevenção do burnout e no fomento de um ambiente propício ao florescimento profissional e pessoal. Priorizar a saúde mental no ambiente de trabalho não apenas beneficia os colaboradores individualmente, mas também contribui para o sucesso e sustentabilidade de toda a organização.
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Texto escrito por Caio Farah, profissional da área de Pesquisa e Desenvolvimento Moodar.