Os japoneses são um povo bastante peculiar em relação à sua cultura e filosofias de vida. Eles sempre possuem uma palavra que por si só consegue acolher uma grande ideia ou filosofia, como por exemplo:
Enfim, podemos fazer uma lista enorme de palavras que representam práticas, ideias, filosofias, estilos de vida que trazem algum tipo de significado e direção para a experiência humana. Mas a que vamos falar hoje aqui não é nenhuma dessas (você já leu no título), é sobre Ikigai.
De acordo com os japoneses, cada um de nós tem o seu Ikigai que significa algo como nossa razão de viver, razão de ser, aquilo dá significado e propósito à vida ou até mesmo o sentido da vida. Essa ideia de uma razão específica pela qual cada um de nós vive pode até ser criticada, principalmente pelos mais niilistas ou que acreditam mais fortemente no papel do caos na vida humana, contudo, buscar significados para as coisas e experiências termina por ser um comportamento muito natural, tipicamente falando.
De forma geral, estamos sempre buscando sentido para aquilo que fazemos, sentimos, vemos e pensamos. Reflete um pouco comigo: o que, por exemplo, eu preciso pra sentir medo de alguma coisa? Ou saudade? E raiva? A resposta é mais óbvia e simples do que parece ser. Eu nunca vou sentir medo, saudade, raiva ou qualquer outra coisa se eu não significo previamente essa coisa internamente. De alguma maneira, somos o que somos e agimos como agimos porque criamos sentidos para o mundo ao nosso redor. Na crise desse sentido, podemos cair no adoecimento, angústia e sofrimento. Um bom exemplo no qual conseguimos observar todo esse processo é o do personagem Cooper, do filme Interstellar.
O filme se passa em um futuro próximo, onde a Terra está enfrentando uma crise agrícola e uma escassez global de alimentos devido a mudanças climáticas catastróficas. Cooper tinha sido um piloto da Nasa, era apaixonado pelo que fazia e tinha muita razão com o que fazia, mas com a mudança de paradigma da humanidade seu trabalho não possuía mais tanto valor assim. Com o cenário agrícola, trabalhar no campo se tornou mais valoroso do que trabalhar nos ares e Cooper se torna um fazendeiro, mas sempre com a cabeça em outro lugar…
Acredito que muitos de nós corremos o risco de nos sentir como Cooper, sempre em busca de fazer algo que faça realmente sentido para nós, é como se realmente precisássemos sentir internamente as coisas, uma demanda quase espiritual para entender o sentido de nossa vida e o que fazemos com ela.
Ikigai, de acordo com o próprio livro que o descreve, é uma espécie de eixo cognitivo e comportamental, em torno do qual vários hábitos de vida e sistemas de valores estão organizados. Como as pessoas no mundo corporativo amam pegar conceitos e criar diagramas e matrizes para criar relações com o mundo do trabalho, uma boa ferramenta que nos ajuda a entender não só o nosso trabalho, mas dentro de uma atuação como pessoas gestoras, profissionais de RH ou responsáveis pela criação de uma nova jornada de experiência e planejamento estratégico de nossas empresas, por exemplo, podemos pensar Ikigai pelo diagrama abaixo:
A relação de cada um desses campos vai originar espécies de subfatores que existem nesse diagrama: paixão, missão, vocação e profissão.
Lembrando que você pode aplicar isso em diferentes contextos, a exemplo, um exercício de autorreflexão, uma dinâmica em grupo para entender o Ikigai de um time ou até mesmo uma dinâmica com lideranças que estão envolvidas em um rebranding da empresa.
Pensando nisso, aqui vão algumas perguntas que podem nos direcionar a entender melhor qual é o nosso Ikigai.
Em um primeiro momento, para explorar a dimensão "O que você ama", podemos fazer perguntas que nos ajudem a refletir sobre nossas paixões, interesses e valores. Podemos nos questionar:
Neste tópico é importante focar nas contribuições que se pode oferecer à sociedade. Esse é um ponto mais difícil, aliás não somos super heróis e existe uma certa relatividade nos tempos atuais em relação a essa necessidade. Podemos pensar naquilo que somos capazes, enquanto pessoas ou instituições, de contribuir. Aqui estão algumas perguntas direcionadoras:
Esse é um momento de entender bem - literalmente - qual o nosso valor. Quanto vale meu trabalho, minha força, minha hora, meu “capital humano”? Podemos pensar a partir dos seguintes pontos:
Por fim, vamos focar em nossas habilidades, competências e talentos específicos que possuímos. Como pensar de forma mais objetiva em tudo isso?
Se a vida possui um sentido fim específico ou se cada um de nós pode encontrar sua razão de viver ou até mesmo se isso não é possível, não sabemos. Mas acredito que todos nós podemos ser e temos um pouco de Cooper de Interstelar dentro de nós. No final podemos terminar como fazendeiros, presos em uma realidade que nos gera uma crise de sentido, ou procurar novos caminhos nos ares fazendo algo que nos gera completude.
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